segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Leões de Lisboa


Lisboa tem leões. No zoológico, que ainda não tive a chance de visitar, e fora dele. Ontem eles se espalhavam pela cidade: nos ônibus, metrôs, andando pelas calçadas, atravessando ruas. Em bandos pacíficos e ordeiros, bem diferente do que se vê com os porcos, gaviões e bambis em dias de jogos de futebol no Brasil.
Leões, aqui, são os torcedores do Sporting, um dos maiores times de Portugal.
Como recém-chegado, claro que me senti pressionado a escolher um time de coração, aquele pra gritar, chorar e, sobretudo, beber para comemorar as vitórias, esquecer as derrotas e lamentar (ou não) os empates.
A vantagem de escolher um time depois de velho é que você tem a chance de fazer um "test-drive" antes de assinar o contrato para uma vida de sofrimento infindável - prestando muita atenção no que dizem as letras miúdas no final da página.
No Brasil, herdei do meu pai a cidadania italiana, que me facilita um tanto a vida aqui. Em compensação, herdei também a paixão pelo Palmeiras, que dificultou as minhas manhãs pós-finais de campeonato durante mais de 20 anos.
Um inconveniente que eu não posso me dar ao luxo de repetir.
Por isso decidi que, antes de optar por um time, iria a todos os estádios. Com uma prancheta na mão para avaliar desde a arquitetura até os hinos da torcida.
E lá fui eu, ontem, ver o Sporting. Antes de mais nada, preciso dizer que estava com uma pulseirinha VIP, para que ninguém pense que a boiada é tão grande assim.
Pra começar, chegamos cerca de meia-hora antes do jogo. Sem tumulto, sem stress, sem medo de ser visto no carro com a camisa do time errado. Aliás, no carro estava o filho de 6 anos e a sogra do sujeito que me descolou a entrada VIP. Programa completamente familiar. No Brasil, conheço muita gente que levaria a sogra a um estádio lotado, mas não o filho de 6 anos.
Chegamos e estacionamos lá dentro, no subsolo. Depois pegamos o elevador, como num shopping confortável de São Paulo. Subimos e fomos parar no setor de camarotes (o 2º mais bacana, porque os bons mesmo são um andar acima). Lá havia um enorme buffet montado, com bacalhau, batatas, 200 mil sobremesas, vinho e cerveja para quem tivesse a tal pulseirinha. E olha que não era pouca gente.
Faltando 2 minutos pra começar a partida, todo mundo se dirige ao local marcado. No nosso caso, confortáveis cadeiras com espuma. Estádio mais de 80% ocupado, mesmo com o jogo sendo transmitido pela TV aberta local. Poucas emoções no primeiro tempo. Intervalo e todo mundo volta pro buffet. O segundo tempo foi um pouco melhor: expulsão do goleiro adversário, pênalti perdido e, finalmente, gol do Liedson, aquele brasileiro de algum destaque no Corinthians e que agora é rei por aqui. Palmas na hora do gol. Nada de muitos gritos. Nada da torcida inteira cantando. Tudo muito civilizado. Às vezes, exageradamente civilizado.
No final, um belo programa de domingo. Pensando friamente, acho que o Benfica vai ter que se esforçar muito para me conseguir como sócio. O jogo não foi nada incrível. Mas você precisava ter provado aquele bacalhau…

3 comentários:

Marco Bezerra disse...

Faltou dizer que também torce para o COLORADO! UH, TERROR FERNANDÃO É MATADOR!!!!

Unknown disse...

Para ser feliz de verdade, basta torcer para o SPFC !!!!

Abração

Unknown disse...

Muito divertido ver o ponto de vista de um estrangeiro (irmão). As suas comparações são hilariantes.
Quanto à escolha de uma equipa, vá por mim Benfica é que é, não se deixe comprar com pequenos nadas.
http://rasgo.wordpress.com