quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Discurso de vencedor


Acabo de ganhar na Euromilhões. Contenham-se meus familiares, sosseguem seus hormônios mulheres e travestis do meu Brasil varonil. Como já escrevi anteriormente, o prêmio aqui pode chegar a 150 milhões de euros. O que não é grande coisa para proletários como o Daniel Dantas e o Salvatore Cacciola, mas, no meu caso, o suficiente para perpetuar umas 2 ou 3 gerações de vagabundos.

Só que, para ganhar este prêmio, você precisa acertar 5 números e 2 estrelas (não vou explicar o que são estrelas, belê?). Eu acertei 2 números e 1 estrela e fui congratulado com exatos 8 euros e 32 centavos - se eu estivesse com quase 400 milhões de reais no bolso, quem estaria escrevendo este blog seria o Luis Fernando Verissimo e você perceberia a diferença.

Bom, claro que já comecei a fazer planos para a bufunfa e não me faltam opções. Posso encher o tanque da minha Vespa, comer 4,3 pastéis de Belém, tomar 3,2 chopes no Bairro Alto ou pegar um táxi para o aeroporto e fugir daqui.

Mas, pra falar bem a verdade, o prêmio me deixou meio deprimido. Sempre tive medo da sorte. E não é porque se parece com a palavra “morte”, como imaginaria um chinês cagalhão. Eu tenho medo é de torrar minha sorte com bobagens. Vou dar um exemplo: quando era pequeno, meus pais ajudavam bingos beneficentes, fazendo as doações das prendas. Me lembro que uma vez voltei pra casa com 5 prêmios, 4 dos quais doados por eles. Inclusive uma calculadora científica, a mais desejada da noite. Lógico que ainda levei esporro no carro.

E este é exatamente o meu medo. Ter gastado minha sorte em doses homeopáticas, juntando quinquilharias. Eu não quero 20 troféus Maria Quitéria, quero o mundial interclubes. Não quero 8 prêmios colunistas, quero um leão de ouro. Não quero as trigêmeas da Playboy, tá, péssimo exemplo, mas já deu pra entender.

O meu grande medo, a partir de hoje, é conferir o resultado do próximo sorteio. A pior coisa que poderia me acontecer seria acertar os 3 números mais a estrela que faltaram nesta semana. Eu provavelmente passaria o resto da vida fazendo contas na minha velha calculadora científica, pensando como teria sido maravilhoso se minha sorte fosse cumulativa.

3 comentários:

eu disse...

Coincidência você falar disso, eu postei ontem sobre a Megasena aqui na terrinha. Estava Tetracumulada.

Anônimo disse...

Nada a ver com a coluna, que esta otima pelo visto, mas tentando achar voce. Sera que da? Vc mudou de emprego, email e pais, eu ainda na terra da Rainha - entao a bola ta na tua quadra. Vc que escreve tao bem, podia mandar uma mensaginha, ne? Vai Pernil!

Anônimo disse...

Oi Pernil!! Já que vc apareceu, não vou ser mais uma leitora anônima. Aliás, confesso, seu blog é lido por mim, meu namorado e há algumas semanas pela minha mãe tb! Adoramos! bjs