segunda-feira, 12 de maio de 2008

Trash 80's


Muita gente me pergunta como é a propaganda aqui em Portugal. A melhor definição que me ocorreu até agora foi: pegue um anúario do Clube de Criação da década de 80, abra numa página aleatória e, muito provavelmente, você estará diante de uma bela peça atual daqui.

Em geral, acho que a propaganda aqui está com 2 décadas de atraso em relação à nossa. Claro, com algumas louváveis exceções que se equiparam às melhores campanhas do mundo e faturam os mais cobiçados prêmios. Mas, infelizmente, quase tão raras quanto o cometa de Halley.

A quantidade de trocadilhos que fazem parte da comunicação de grandes empresas aqui é descomunal. Não vou fingir que, toda vez que eu pegava a rodovia dos Imigrantes rumo à praia, não via um gigantesco outdoor com o título "Sil ou não?" saltar aos meus olhos. Um trocadilho infame capaz de corar até o mais fervoroso fã do José Simão.

Mas uma coisa é uma fábrica de fios e cabos elétricos que anuncia nas mesas redondas de domingo, para telespectadores que estão dormindo ou bêbados no sofá. E outra são os maiores anunciantes daqui.

O case que eu mais gosto é da Super Bock, a maior cerveja de Portugal. Pra mim, os caras são ninjas do 8º dan. Alguns exemplos: num cartaz, vemos uma garrafa de cerveja com óculos escuros ao lado do título "Ray-Bock". Em outro, vemos uma garrafa com o rótulo recortado em formato de biquíni e a palavra "Bockini". Na porta do cinema, um cartaz diz: "Bock to the future". Para divulgar uma promoção de 3 cervejas no Rock in Rio, outro cartaz enuncia: "Bock in trio". E por aí vai.

Mas não pense que a Super Bock é exceção. A maior empresa de telefonia acaba de lançar uma TV a cabo, com o nome de Meo. O slogan? "O mundo é Meo", óbvio. Sem falar na loja de eletrodomésticos que mais anuncia aqui, chamada Worten. E adivinhe o slogan? "Worten sempre". Juro. Sem sacanagem.

Meu único alívio é ver a propaganda angolana, que é veiculada em alguns canais a cabo e acaba sendo transmitida para cá também. Hoje mesmo eu quase chorei de rir com uma, de uma espécie de crédito habitação ou algo que o valha, cuja slogan final era: "É grande porque é angolano".

E tem gente que ainda paga-pau para o humor inglês...

3 comentários:

Boneca Falante disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Emilia disse...

ahahahahaha!!! Adorei!!! Não é o próprio citado Zé Simão que fala que o português é básico???
beijos, Marcolito! saudades!

Pedro disse...

Hahahaahahah.

Bom pra caralho.

Abraço.


Pedro Cavalcanti