quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O dólar psicológico


Mesmo quem nunca viajou para o exterior sabe que existe um dólar oficial e um paralelo. O que pouca gente já se deu conta é que há uma única moeda realmente relevante ao turista: o dólar psicológico.

Ao contrário das suas outras versões, o dólar psicológico não flutua com o humor do mercado, o nível do investimento imobiliário norte-americano ou as intervenções do Banco Central. Depende apenas do momento psicológico do comprador.

Vamos a um exemplo prático: sua esposa viaja e encontra aquela bota de couro, igualzinha as outras 12 que ela tem, por US$ 65. Neste exato momento, pelas contas dela, a bota custa menos de R$ 100, o que indica uma cotação de cerca de 1,5 reais por dólar.

Você até pensa em se intrometer, mas logo percebe que, pela lógica, aquele Blackberrry de US$ 299,99 sairá por menos de 450 reais. Uma pechincha.

Isso acontece, basicamente, em todo o momento de compra de um brasileiro no exterior, principalmente na frente de gêneros de primeira necessidade como botas de couro e Blackberrys.

Mas o dólar psicológico também tem disparadas repentinas. É o caso, por exemplo, de quando você vê um produto brasileiro numa vitrine ou prateleira. Uma garrafa de pinga que custa 22 dólares equivale a quase 50 reais, elevando a cotação para 2,27. Uma Havaianas de US$ 40 equivale a praticamente 100 reais (o mesmo preço da bota de US$ 65,00, veja você).

Morando em outro país você acha que vai perder este vício, já que não apenas gasta, como também ganha em outra moeda. Engano seu. Faz quatro meses que estou em Lisboa e ainda me surpreendo ao ver que um PF com bife custa exorbitantes 25 reais, enquanto um prato de bacalhau sai por módicos 15. Mesmo sabendo que ambos levam 7 euros da minha carteira.

3 comentários:

Emilia disse...

ótimo!

João Braga disse...

E quanto vale o homem de 6 milhões de dólares em reais?
E os 100 mil dólares do pica-pau?

Marco Bezerra disse...

Boa pergunta João.
Relevante eu diria.

Gostei do texto monstrão.