terça-feira, 21 de agosto de 2007

Quem nasceu pra lesma nunca chega a escargot.


Uma das iguarias mais conhecidas aqui de Lisboa são os caracóis, perfeitos para se apreciar no verão junto com longos goles de imperial (ou "chopps", para os paulistanos como eu). Em todo boteco que se preza está lá a frase "há caracóis", invariavelmente rabiscada com caneta BIC azul numa folha de papel.

Lógico que eu não consegui me esquivar desta experiência aparentemente não muito sedutora e fui com o pessoal daqui provar o acepipe. Antes que reste qualquer dúvida, o caracol a que me refiro é aquele mesmo que você conhece, gosmento, que deixa um rastro melequento nas paredes e que enfartaria qualquer mãe que encontrasse seu filho brincando no jardim com um deles na boca.

Bom, o fato é que fui convencido a experimentar. Pra falar a verdade, o gosto não chega a ser ruim, mesmo porque você sente mais os temperinhos do que o próprio sabor da carne. A aparência incomoda um pouco, principalmente aquelas anteninhas atrofiadas, por isso eu sugiro que você não olhe muito para eles. E também não ouse lembrar que se trata de um bichinho hermafrodita, já que pouquíssimas pessoas que eu conheço se sentiriam à vontade com um órgão reprodutor mascullino e outro feminino ao mesmo tempo na boca (sem nomes, por favor).

No final das contas, foi menos traumatizante do que eu imaginava, sobretudo depois de vários copos. Acho, inclusive, que vou me render outras vezes.

Ah, é claro que você pode ter achado tudo muito nojento e jurado que nunca ia colocar um desses na boca. A má notícia , no caso de você ser uma mulher, é que você já pode ter colocado sem ao menos saber. É que muitos batons são produzidos com a matéria prima deste pequeno molusco gastrópode, mais exatamente daquela gosminha que eu falei acima.

É, antes de me pedir um beijo, ofereça algumas cervejas.

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