sexta-feira, 25 de julho de 2008
Corta!
Cinema, aqui em Portugal, tem intervalo. Não, esta não é uma introdução de piada sobre o cinema do Manuel ou do Joaquim. É a mais pura verdade, apesar de não ser regra geral para todas as salas. Mas acontece.
Fico imaginando quem teve esta brilhante idéia. Na certa, algum marqueteiro preocupado em aumentar as vendas de pipoca e chicletes (que aqui se chamam "pastilhas elásticas"). Só pode ser isto.
Você até pode argumentar: "Ah, e se eles estavam preocupados com os velhinhos que sofrem de incontinência urinária?". Sinto desapontá-lo, mas não pode ser. E eu explico. Aqui perto de casa tem um shopping com umas 10 salas de cinema. Em mais da metade tem o tal intervalo, de exatos 7 minutos. Isso mesmo, 7 minutos ou 420 segundos. Tempo suficiente para ir ao banheiro, caso o cinema tivesse um. Mas não tem. Você sai da sala e tem que correr pelo shopping até o banheiro mais próximo. Eu, apesar de estar sempre acima do peso, ainda não tenho dificuldade de locomoção e precisei andar em ritmo de marcha olímpica pra pegar o reinício do filme. Pense bem: três minutos para chegar ao banheiro, 50 segundos pra urinar, 10 pra chacoalhar e pode esquecer de lavar as mãos, porque você vai precisar dos mesmos 3 minutos para voltar. Sacanagem comigo e maior ainda com os velhinhos.
É óbvio que os intervalos foram criados por causa da pipoca, que fica a menos de 15 segundos da sala e pertencem ao mesmo proprietário. Minha única e solitária saída é não comprar. Só assim você consegue derrotar os marqueteiros cabeças-de-bagre, mostrando que a estratégia não funciona. É por este mesmo motivo que nunca comprei nada por telemarketing e nem anunciado no intervalo do Big Brother. Quem sabe, um dia, tudo isso acaba.
A única coisa que me permito, nesta situação, é aceitar a pipoca do meu vizinho de cadeira. Que nunca me ofereceria se soubesse que, para estar de volta em 7 minutos, eu certamente tive que abrir mão da água e do sabonete líquido.
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