quinta-feira, 25 de outubro de 2007
Golpe Internacional
É tudo muito simples. Primeiro você liga o rádio do carro e ouve uma música do Chico Buarque. A partir de então, ela fica registrada no seu subconsciente.
Sem se dar conta, você passa perto de uma livraria cantarolando a música e é sugado pra dentro. Quando percebe, já está na frente da prateleira segurando um exemplar de "Budapeste" e resolve dar uma segunda chance ao escritor inquilino do músico.
Você devora o livro e se encanta pela cidade que, só depois, descobrirá ser desconhecida pelo autor.
Passam-se alguns meses e chega sua época de férias. Você abre o armário procurando um guia de viagens e dá de cara com o livro. Gosta da idéia de conhecer um país diferente e resolve passar uns dias na Zona Leste.
A cidade é mais do que você imaginava. A irmã quase tão linda quanto Praga, só que bem mais gostosa. Você visita a cidade e se arrepende de ter perdido tanto tempo com a irmã linda e chata.
Se despede do lugar, entra no Free Shop e é aí que o golpe acontece.
Ao colocar a mão no bolso, vê que sobraram alguns Forints, a moeda local. Você olha para os lados e avista uma garrafinha verde, bonitinha, um licor típico da Hungria. Bingo, você achou algo para presentear os amigos.
Só quando volta para casa é que percebe o erro. Você abre uma das garrafas, coloca o líquido num copinho e senta-se para degustar. Sente o aroma, dá um gole e aí, bom, e aí teme ter trocado a garrafinha por veneno de rato.
Pense no pior vômito que já passou pela sua garganta. Imagine-o gelado e passando no sentido inverso. Pronto, este é o Unicum.
Não pesquisei a história, mas algo me diz que foi uma bebida desenvolvida pela polícia comunista para torturar e matar sem deixar vestígios.
Só resolvi escrever sobre isso porque, há mais ou menos uma semana, um amigo aqui da firma chegou de lá contando exatamente a mesma experiência. Ele também não sabia o que fazer com aquilo. Pensou em usar como desentupidor de pia, mas ficou com pena dos canos.
Em "Budapeste", Chico diz que a língua húngara é a única que o diabo respeita. Se tivesse ido mesmo pra lá, saberia que ele também respeita uma bebida, que faz questão de servir como aperitivo para as visitas.
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Aviso aos Navegantes
O primeiro Mupi a gente nunca esquece.
Quando você chega aqui e pega seu primeiro job, vê que, entre as peças que precisa criar, existe um troço chamado Mupi. Como toda mídia desconhecida, você ignora, faz a campanha e, depois de aprovada pelo cliente, vê como adaptar.
Bom, pelo menos esta é a sua idéia. Porque a primeira pergunta que seu Diretor de Criação faz, antes mesmo de você falar o conceito, é: “Como vai ser o Mupi?”
Mupi nada mais é do que o mobiliário urbano. Basicamente aqueles cartazes que são colocados em pontos de ônibus, bancas de jornal, etc. Aqui, eles são mais importantes do que qualquer outra coisa impressa. É a página dupla da Veja. O outdoor da Faria Lima. O bottom no peito da estagiária siliconada. Maior visibilidade, impossível.
Esse aí em cima é o meu primeiro Mupi, que rolou há algumas semanas, para divulgar um novo jornal grátis. A campanha inteira é composta por frases irrelevantes, iguais àquela ali.
Como em todo trabalho, você faz um monte de títulos e só alguns saem. Mas você jura de pés juntos que todos foram veiculados. Bom, aí vão todos os que saíram nos mupis, jornais e revistas daqui. Juro.
• Os dinossauros não correm mais risco de extinção.
• Se Camões estivesse vivo, seria um milagre da natureza.
• Cachorros latem. Gatos miam. Camelos não.
• Se uma borboleta bate as asas do outro lado do mundo, ela deve estar voando.
• De cada 2 pessoas, 1 é a metade.
• Se nada acontecer, daqui a 10 anos estaremos em 2017.
• As 7 maravilhas do mundo são em número ímpar.
• Se todos os chineses pulassem ao mesmo tempo, um deles poderia torcer o pé.
• Todos os cogumelos são comestíveis. Alguns só uma vez. (Esta nem funciona pra campanha, mas eu gosto muito).
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