terça-feira, 28 de agosto de 2007

Quebrei alguma coisa?


Foi o que perguntei para o garçom da Enoteca ao ver o tamanho da conta. Enoteca ou Chafariz do Vinho (argh) é um restaurante maneiríssimo (olha a convivência com os cariocas) que tem aqui em Lisboa, construído dentro de antigos dutos que abasteciam de água a cidade. Ou deveriam abastecer. Porque me parece que, por um erro de cálculos, ele nunca chegou a funcionar direito. E, antes de ter certeza que os engenheiros não eram britânicos ou alemães, vou resistir a fazer qualquer piada com este pequeno deslize matemático, ok?

Mas, voltando ao assunto, o lugar é sensacional. Pra falar a verdade, em vez de pratos, o lugar tem porções moderninhas, como Carpaccio de Polvo Prensado, Trouxa de Couve com Alheira de Caça e Tâmaras com Bacon Gratinadas. Tenho que confessar que este último estaria na minha lista de 3 derradeiros desejos da vida, junto com a Fernanda Lima e a Aline Moraes. Tá, talvez eu abrisse mão de uma delas por outra porção de tâmaras.

Como se não bastasse, os vinhos, que afinal dão nome ao lugar, são maravilhosos. Claro que há opções mais baratas, mas você não vai a um lugar assim pra pedir um Sangue de Boi, ou Periquita, que é o equivalente aqui de vinho meia-boca, né? E aí é que está o problema. Você se empolga, pede entradas, vinhos de sobremesa e, quando chega a conta, toma um susto. E quando vê que aquele valor está em euros, leva outro susto, 2,5 vezes maior que o primeiro.

Bem, no final, não dá pra negar que a visita vale a pena. Eu fui com um casal de amigos, mas acho que o ideal é que você vá no inverno, acompanhado de uma mulher. Uma mulher, não. Tem que ser "a" mullher. Qualquer coisa menos valiosa que a Aline ou a Fê fatalmente vai acabar trocada por um prato de tâmaras.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Quem nasceu pra lesma nunca chega a escargot.


Uma das iguarias mais conhecidas aqui de Lisboa são os caracóis, perfeitos para se apreciar no verão junto com longos goles de imperial (ou "chopps", para os paulistanos como eu). Em todo boteco que se preza está lá a frase "há caracóis", invariavelmente rabiscada com caneta BIC azul numa folha de papel.

Lógico que eu não consegui me esquivar desta experiência aparentemente não muito sedutora e fui com o pessoal daqui provar o acepipe. Antes que reste qualquer dúvida, o caracol a que me refiro é aquele mesmo que você conhece, gosmento, que deixa um rastro melequento nas paredes e que enfartaria qualquer mãe que encontrasse seu filho brincando no jardim com um deles na boca.

Bom, o fato é que fui convencido a experimentar. Pra falar a verdade, o gosto não chega a ser ruim, mesmo porque você sente mais os temperinhos do que o próprio sabor da carne. A aparência incomoda um pouco, principalmente aquelas anteninhas atrofiadas, por isso eu sugiro que você não olhe muito para eles. E também não ouse lembrar que se trata de um bichinho hermafrodita, já que pouquíssimas pessoas que eu conheço se sentiriam à vontade com um órgão reprodutor mascullino e outro feminino ao mesmo tempo na boca (sem nomes, por favor).

No final das contas, foi menos traumatizante do que eu imaginava, sobretudo depois de vários copos. Acho, inclusive, que vou me render outras vezes.

Ah, é claro que você pode ter achado tudo muito nojento e jurado que nunca ia colocar um desses na boca. A má notícia , no caso de você ser uma mulher, é que você já pode ter colocado sem ao menos saber. É que muitos batons são produzidos com a matéria prima deste pequeno molusco gastrópode, mais exatamente daquela gosminha que eu falei acima.

É, antes de me pedir um beijo, ofereça algumas cervejas.

Velhinhos


Coisas que não funcionam em Portugal:

• Fila preferencial: que tipo de grávida ou lactante vai querer dividir a fila com os idosos, num país onde eles são a maioria?

• Baile da terceira idade: não tem quórum. A galera está toda muvucada nos bailes da 4ª, 5ª e 6ª idades.

• Previdência Privada: como poderia funcionar num país onde os casais vivem até os 230 anos (115 cada)?

terça-feira, 14 de agosto de 2007

A fonte da juventude.

Quando eu era pré-adolescente e exibia alguns quilos a mais do que gostaria, adotei uma tática no intuito de me dar bem com as gurias. Em vez de me matricular numa academia ou passar a semana comendo alface, decidi por algo mais simples: ter amigos gordos. Isso mesmo. Escolhia minhas amizades não pelas afinidades intelectuais ou morais, mas pelo ponteiro da balança. Minha teoria era óbvia. Comparativamente, quanto mais gordos eu tivesse ao meu lado, mais magro eu pareceria. E, consequentemente, maior a chance de conquistar uma mulher.

Não vem ao caso aqui avaliar se esta técnica funcionou ou não. O certo é que, chegando em Portugal, percebi que este seria um ótimo lugar para envelhecer. Segundo minhas pesquisas, cerca de 102% da população portuguesa tem 100 anos ou mais. O que vai me fazer, aos 70 anos, parecer um garoto. O baile da terceira idade que se prepare...

Quase lá.

Eu vim pra Portugal. Mas minha mãe mente pras amigas que eu moro na Europa.

sábado, 11 de agosto de 2007

A febre do TomTom

Uma das primeiras coisas que me chamou a atenção em Portugal foi a quantidade de aparelhos GPS que encontrei na Fnac daqui. Tá bom, eu poderia começar meus textos falando de lugares históricos e bem mais interessentes mas, em 2007, meu amigo, a primeira coisa que você precisa quando vai morar numa cidade nova é um celular - com o número do consulado na memória, só pra garantir. E lá estava eu no tal shopping, pesquisando entre as diferentes lojas de telemóvel, quando me deparei com a Fnac e suas prateleiras repletas de TomTom, que é como os caras chamam o GPS aqui (telemóvel eu garanto que você já sabia o que era).

O que me impressionou, além das TVs de LCD (plasma é coisa do terceiro mundo, tá?) de marcas que eu nunca ouvi falar, foram as prateleiras abarrotadas de GPSs. Eram de todas as espécies: para usar no aparelho celular, junto com Palm, em aparelhinhos separados, modelos e mais modelos, que variavam entre 500 e 1.000 euros.

Fiquei imaginando por que um país que pode ser atravessado de norte a sul em apenas 7 horas e onde tudo é tão bem sinalizado, precisaria de tantos GPSs. Achei que poderia ser um desperdício de dinheiro. Até que me dei conta do mais óbvio dos fatos: um povo que queria chegar às Índias e acabou indo parar no Brasil realmente não pode se gabar muito do seu senso de direção.